artigo psicologia campinas

Publicado no jornal 100% Vida por Tais Azevedo

 

E quando a separação é a melhor opção?

    

   Ninguém se casa para separar.

  Quando casamos temos sonhos, desejos de fazer tudo dar certo. Mas nem sempre nossos sonhos se tornam reais. Sem dúvida alguma, a separação tem sido mais comum e aceita em nossa sociedade nos dias de hoje, mas não que dizer que seja um processo fácil. E é difícil por vários motivos: seja porque o casal está junto a pouco ou há muito tempo, seja porque ainda não tem filhos, ou porque os filhos são novos, ou porque os filhos já cresceram, ou porque essa decisão poderá interferir em suas relações sociais e financeiras.

 
   Chega uma hora que precisamos escolher: sofrer para passar pela separação e poder ter uma chance de ser mais feliz no futuro, ou arrastar mais infelicidades para manter-se casado.  
 

   A separação está entre os cinco principais fatores causadores de estresse, e antes de dar o primeiro passo, ele deve sim ser muito bem pensado, de uma maneira definitiva e não impulsiva.

   A separação é triste mesmo quando as duas pessoas decidem juntas que esta é a melhor saída. Para aquele que dá o primeiro passo, normalmente vem a culpa e a sensação de que o casal ainda não tentou tudo que é possível para salvar o casamento. Os sentimentos podem se confundir. Às vezes é difícil ter certeza se já não existe mais amor pelo parceiro. Podem surgir também a negação do desgaste da relação, o esquecimento de atitudes e situações que feriram, o medo da solidão, medo de ver o parceiro sofrer, ou voltar-se violentamente contra você, medo de que os filhos se revoltem e sofram, medo do futuro.

   Para vencer estes receios, precisamos entender o que nos leva a querer o fim da relação. O desgaste se dá quando os sentimentos de amor e paixão se acabam ou se transformam em amizade, comodismo e frustrações. Se você tem dificuldade em refletir e decidir, procure ajuda especializada de um psicólogo, para uma terapia individual ou de casal, o que pode ajudar muito neste momento tão delicado. É muito comum escutar dos meus pacientes, “talvez eu devesse ter feito terapia antes da separação” ou “deveria ter vindo antes e já teria tido coragem de resgatar ou cancelar esta união”.

   Independente dos motivos que levam ao fim de um casamento – ausência de diálogo, desinteresse afetivo, incompatibilidade de gênio; insatisfação sexual; infidelidade; violência doméstica, excesso de ciúmes – nós não conseguimos atravessar esse momento sem a sensação de ‘luto’. Nós sofremos com a sensação de fracasso pessoal.

   Se a separação já chegou, o jeito é aceitar o fim. Nada vai melhorar a dor. É melhor deixar de lado sentimentos como vingança e ódio. É melhor também não concentrar as forças na reconquista do parceiro, o que pode tornar o fim ainda mais difícil. Por outro lado, fingir que nada aconteceu também é fuga. É comum sofrermos com a tristeza, solidão e rejeição, porque não é fácil ouvir que não é amado. A autoestima fica abalada e é preciso cuidar desse aspecto. E se o amor acabou, a amizade entre os dois pode até ser uma proposta interessante se ambos tiverem maturidade para isto. Quando se tem filhos, a cordialidade se torna quase obrigatória, afinal de contas a separação é entre homem e mulher, não entre pais e mães.

   Altos e baixos virão, haverá dias em que você sentirá que tomou a melhor decisão da sua vida e em outros dias poderá ficar triste, carente e saudosista. Esta fase varia de pessoa para pessoa dependendo da forma que cada um enfrenta o momento. Uma dica é resgatar o que faz você feliz: amigos, trabalho, diversão, etc.. Você tem a chance de rever seus erros e acertos, para poder se conhecer, se reconhecer e melhorar para o próximo amor.

 

 

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