Automutilação uma forma dolorosa de falar

“…E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força…”

Letra musica: Legião Urbana – Clarice

A automutilação pode ocorrer de várias formas, com diversos materiais, normalmente inicia – se na adolescência, porém vem aumentando o número de crianças se automutilando e pode perdurar por muitos anos no decorrer da vida.

A automutilação é um grito silencioso, é uma tentativa de falar sobre a dor, de mostrar essa dor, muitas vezes uma forma de tornar visível aos olhos à dor emocional.

A automutilação é uma forma primitiva de comunicação em que a pessoa marca o corpo, através do corte, do sangue, da dor e das cicatrizes a sua incapacidade para verbalizar a angústia que ele sente. Normalmente as pessoas cortam regiões escondidas do corpo ou próximo ao cotovelo em seus pulsos, braços, pernas ou barrigas. Outros se queimam, se mordem, se arranham, se batem.

Quando uma pessoa se automutila, ela tenta diminuir sua dor emocional, tentando com seu ato, reduzir a dor e receber alívio.

Normalmente a automutilação surge da culpa, começa em um impulso. Muitas vezes nem sabe de onde surgiu essa culpa, mas sente a necessidade de se ferir e se livrar de uma situação abaladora. Sua origem pode ser compreendida em duas vertentes: 1) quando nos machucamos, o cérebro produz endorfinas para aliviar a dor do corpo e esse alívio é sentido pela pessoa como um alívio da ansiedade. Portanto sempre que ocorre pico de ansiedade a pessoa recorre ao flagelo para sentir o alívio produzido pelo cérebro, tornando a automutilação um ciclo vicioso.  2) que a automutilação é um sintoma de doenças emocionais, como a depressão, pressões intensas e problemas de relacionamentos abalados, distúrbio bipolar, distúrbios alimentares, pensamentos obsessivos ou comportamentos compulsivos.

Segundo MENNINGER (1934), a auto-mutilação se organiza em torno de três elementos:

(1) auto-agressão decorrente do sentimento de culpa devido a um sentimento ambivalente de amor-ódio dirigido a um dos pais;

(2) auto-erotismo que é gerado por uma descarga libidinal cujo prazer pode ser obtido especialmente através da dor;

(3) necessidade de “expiação”, em que a pessoa procura compensar atitudes ou pensamentos com conteúdos sexuais ou agressivos se auto-punindo. O sujeito na tentativa de aliviar sua angustia, sua ansiedade, se automutila para atenuar o desejo de morte, buscando um meio de se autopreservar e sentir-se melhor. Assim, para não cometer o suicídio o sujeito vai se automutilando com a intenção de ir escapando da aniquilação total do sujeito.
Em geral, os automutiladores são pessoas socialmente superficiais, são naturalmente retraídos, introspectivos e sentem dificuldade para compartilhar sua intimidade. Aparentam estar bem, mas são instáveis e deprimidos.  Sentem dificuldade de fazer contato através do toque agressivo ou afetivo, pois tentam esconder as suas cicatrizes e sentem vergonha do seu ato de autoflagelo. Dificilmente pedem ajuda, pois sabem que as pessoas reprovam tal atitude.

O tratamento deve ser feito com equipe multidisciplinar, sendo o acompanhamento psicológico essencial para a construção de uma vida emocional saudável, é neste espaço que a pessoa terá espaço para falar, compreender seus dilemas, problemas e dificuldades, trabalhando com a psicologia corporal biodinâmica, aumentamos o campo de atuação, pois a terapia amplia as possibilidades de trabalho, trazendo a consciência corporal, trabalhos o sintoma, trazendo bem estar emocional e físico.  Alem, de acompanhamento médico.

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