É comum na clínica me perguntarem como funciona a psicoterapia, o que me levou a pensar em escrever sobre este tema.
A psicoterapia é uma forma excelente de tratar o sofrimento psicológico e emocional humano, as dificuldades existenciais, de relacionamento e também auxiliar no tratamento das doenças psicossomáticas.
Creio que o primeiro passo seja separarmos três profissionais, que apesar de diferentes, abordam este mesmo tema: psiquiatras, psicanalistas e psicólogos.
O psiquiatra, que tem formação em medicina, atua do ponto de vista da medicina, buscando levar o indivíduo à normalidade, muitas vezes fazendo o uso de recursos farmacológicos.
Os psicanalistas utilizam a técnica desenvolvida por Freud que se baseia principalmente na associação livre (associação de idéias que o cliente faz) para que ele encontre suas respostas e um desenvolvimento psíquico.
O psicólogo clínico que trabalha com a psicoterapia tem diversas técnicas para ajudar o cliente a solucionar conflitos (pessoais, familiares, profissionais etc.); tratar transtornos, como depressão, anorexia, pânico, fobias, entre outros. Por fim, é eficiente ferramenta para promover o desenvolvimento psicoemocional, o autoconhecimento e o crescimento pessoal.
O psicoterapeuta (psicólogo clinico) é um “outro”, com o olhar e a perspectiva de quem conhece métodos de investigação que tornam possível descobrir aspectos da personalidade que seriam inacessíveis a uma observação não treinada.
Há casos em que o psicólogo pode indicar ao paciente a necessidade de um tratamento multidisciplinar com acompanhamento psiquiátrico, e caso esse profissional ache necessário, recursos farmacológicos em paralelo a psicoterapia.
Cabe ressaltar que o psicoterapeuta não tem as respostas e nem vai dizer ao cliente o que fazer. É um profissional que vai ajudar a buscar respostas e tomar decisões. De uma forma figurativa, ele “caminha” ao lado do indivíduo sem andar à frente e nem atrás para empurrá-lo quando interromper a caminhada.
Durante a psicoterapia o paciente passa a reconhecer suas emoções e seus comportamentos, podendo então decidir por mantê-los ou alterá-los. O mesmo acontece com os vínculos que estabelece em sua vida.
Também durante a psicoterapia é comum (e até esperado) que as resistências psíquicas do paciente atuem e que em determinados momentos, ele não queira ir às sessões. O psicoterapeuta está preparado para lidar com isto.
Vários comportamentos e formas de estabelecer vínculos foram assimilados quando o indivíduo era criança, diante de um mundo gigantesco, com problemas enormes e doloridos. Devemos lembrar que a criança/bebê não tem um aparelho psíquico-emocional preparado para lidar com as adversidades.
Há várias abordagens no trabalho psicológico e cada uma abrange tanto a compreensão do ser humano quanto as propostas de intervenção, utilizando o conhecimento psicológico para transformação da vida e para cuidar do sofrimento. Cada caso é único. Assim, não é possível dizer que uma determinada abordagem é mais ou menos correta, ou melhor. Sua eficácia depende do vínculo paciente-psicoterapeuta.
Na maioria das abordagens e casos clínicos há uma sessão de 50 minutos por semana. Por haver várias abordagens e cada indivíduo ser único, não é possível definir prazos para a psicoterapia, mas pode-se dizer que um período mínimo seria de 12 semanas para se obter alguma mudança.
Cabe enfatizar que psicoterapia é processo longo e pode se prolongar indefinidamente enquanto o paciente estiver em crescimento e adaptação. As fases de vida (infantil, adolescência, juventude, adulto e 3ª idade) também são fatores que influenciam o processo. Devemos ressaltar que em todas as fases a psicoterapia é importante!
Há alguns tipos de psicoterapia, conforme as necessidades e a configuração dos problemas. As principais são a Psicoterapias Individual, de Grupo, de Casal, de Família, Institucional, além dos Atendimentos em situações de Emergência e Crise e Aconselhamento.
Nas várias abordagens, parte do trabalho do terapeuta é ajudar o individuo a identificar suas emoções e a partir daí, poder “viver em harmonia” com elas.
Ainda em relação às abordagens, podemos citar as mais conhecidas (entre muitas): a Psicanalítica (diferente da psicanálise), a Psicoterapia Breve, a Analítica (ou Junguiana), a Cognitiva, o Psicodrama, a Psicossomática e as abordagens Corporais (Biodinâmica, Bioenergética e Biossintese).